Últimos escritos sobre a filosofia da psicologia
Ludwig WittgensteinQual a aceção wittgensteiniana de uma “filosofia da Psicologia”? Certamente algo bem distinto do estudo empírico dos fenómenos psicológicos, sob as instruções do método experimental. A Psicologia desenvolve-se ao longo do século XX como disciplina de base empírica e usando metodologias fundadas em linguagens matemáticas e estatísticas de crescente complexidade. Os compêndios de Psicologia oferecem sobretudo explicações funcionais dos fenómenos psicológicos, o que é natural numa disciplina que pretende adquirir o estatuto de saber científico. Nesse sentido, a Psicologia não pode abdicar do tratamento matemático-estatístico de variáveis estudadas em situação experimental. Por exemplo, o estudo da relação entre o sexo (variável independente) e a resposta a 10 determinados estímulos (variável dependente) ou entre a idade (variável independente) e a rapidez de aprendizagem de certas competências (variável dependente) constituem outras tantas correlações suscetíveis de quantificação. Aquilo a que, neste âmbito, se chama “explicação causal” assenta na correlação verificada entre pelo menos duas variáveis: a rapidez de aprendizagem desta competência particular explica-se pela forte correlação entre aquela e esta ou estas variáveis selecionadas experimentalmente, etc., etc. À semelhança, aliás, da metodologia das outras ciências, esta é a estrutura metodológica mais geral da disciplina, a qual, convém desde já notar, tende a secundarizar a experiência ou a vivência subjetivas em favor da explicação causal referida. Sublinhe-se ainda que tal explicação supõe sempre um observador externo e manipulador das variáveis escolhidas, ou então uma perspetiva da terceira pessoa.
Voltando à pergunta inicial, podemos dizer que, por um lado, Wittgenstein trata os conceitos psicológicos e a Psicologia de um ponto de vista da filosofia clássica, ou seja, como investigação sobre os seus fundamentos ou primeiros princípios.
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